quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Onde está o meu boneco?

O Miguel enviou-nos este texto sobre a verdadeira amizade.

O monstro Crespo gostava de saltar.
Um dia ia a saltar pela rua…
e chocou com o carteiro.
As cartas saíram da sacola a voar.
E o carteiro também.
O Crespo ajudou o carteiro a levantar-se
Depois apanhou as cartas do chão.
- Olha! – exclamou o Crespo. – É para mim.
Largou o saco que levava e leu a carta.
A carta dizia:
“Querido Crespo:
Estás convidado para lanchar esta tarde. Traz o teu boneco preferido. O Egas e o Becas.”
O Crespo foi-se embora aos saltos.
- Adoro festas! – cantarolava.
A saltar chegou a casa da Belinha.
Ela também tinha recebido uma carta.
- Tu também vais à festa? – perguntou o Crespo.
- Sim – respondeu ela. – E a minha linda boneca também vai.
O Crespo sorriu e disse:
- Pois o meu lindo boneco também.
Mas de repente deixou de sorrir.
- Onde está o meu boneco? Levava o meu boneco num saco, – lembrou-se o Crespo – mas caiu sobre um monte de folhas secas à porta da estação dos correios.
- Vamos procurá-lo – disse a Belinha.
Correram até à estação dos correios.
- Alguém varreu as folhas – disse a Belinha.
- E o meu boneco também! – gritou o Crespo.
-Não chores – consolou-o a Belinha.
- Vou ajudar-te a encontrar o teu boneco. Como é ele?
O Crespo tentou lembra-se.
- Pois… é o boneco mais lindo do mundo – disse.
-Então deve ser como a minha boneca – disse a Belinha
E lá foi à procura do boneco do Crespo.
Então passou o Gualter.
- Perdi o meu boneco! – gemeu o crespo.
- Como é o teu boneco? – perguntou o Gualter.
O Crespo tentou lembrar-se.
- É macio e peludo.
- O meu boneco também é macio e peludo.
Não te preocupes. Sou o Gualter, o Encontrador, e vou encontrar o teu boneco.
E o Gualter foi-se embora a correr.
O Crespo passou à frente da padaria.
- Porque estás tão triste? – perguntou-lhe o Monstro das Bolachas.
- Perdi o meu boneco – disse o Crespo. -E era tão doce…
O Monstro da Bolachas sorriu, compreensivo.
- O meu boneco também é doce.
Depois deu uma bolacha ao Crespo.
O Crespo encontrou o Poupas Amarelo.
- Perdi o meu boneco – disse o Crespo. – E não posso ir à festa sem ele.
- Como é o teu boneco? – perguntou o Poupas Amarelo.
O Crespo tentou lembrar-se.
- É muito amoroso e querido.
- O teu boneco é como o meu – disse o Poupas Amarelo. – Vou ajudar-te a encontrá-lo.
E o Poupas Amarelo afastou-se a correr.
O Crespo sentou-se junto ao caixote do lixo.
“É bom ter amigos que me querem ajudar, mas ainda me sinto PÉSSIMO”, pensou.
- Onde está o meu boneco? – gritou de repente.
Óscar o Resmungão saiu do caixote.
- É PROIBIDO GRITAR!
O Crespo começou a chorar de novo.
- Acho que atiraram o meu boneco para o lixo – lamentou-se.
Os olhos do Óscar chisparam.
- Como é o teu boneco? – perguntou.
- É muito lindo – disse o Crespo.
- Mmm – resmungou o Óscar, esta manhã encontrei um boneco muito lindo no lixo.
E voltou a meter-se no seu caixote.
O Óscar tirou um boneco ao qual faltava um braço e tinha a roupa toda suja.
- É este o teu boneco? – perguntou.
- Não! – choramingou o Crespo.
- Bom, – disse o Óscar – encontrei outro boneco, mas não é tão lindo.
O Crespo deixou de chorar.
- Deixa-me vê-lo – disse.
O Óscar procurou no seu caixote.
Finalmente tirou de lá um boneco.
- O meu lindo, macio, peludo, doce e querido boneco! – exclamou o Crespo, muito contente.
- Puff! – replicou o Óscar.
- Oh Óscar! – exclamou o Crespo. – Como te posso agradecer?
- Desaparecendo daqui. – respondeu o Óscar.
O Crespo correu para casa do Egas e do Becas.
A festa já tinha começado e todas estavam lá.
Com os seus bonecos.
A Belinha tinha uma boneca de trapos linda.
O Gualter tinha um ursinho macio e peludo.
O monstro das Bolachas tinha uma doce bolacha com a forma de boneco.
O Poupas Amarelo tinha uma amorosa e querida galinha de peluche.
E o Crespo tinha o seu lindo, macio, peludo, doce, amoroso e querido boneco.
- Encontrei o meu boneco! – gritou o Crespo. – Não é fantástico?
Todos olharam para ele, muito surpreendidos. O Boneco do Crespo não se parecia com nenhum dos seus.
- Olha, Crespo – disse o Egas – o teu boneco é realmente maravilhoso! É muito parecido contigo.



In Rua Sésamo, Dan Elliot.

Sem comentários: